Cervejaria, café e grandes eventos oferecem serviço antes
exclusivo a cliente \"motorizado\"; ciclistas aderem por conforto e
segurança
Se já não é tão simples driblar os carros e andar de
bicicleta em São Paulo, estacioná-la nas ruas da cidade é mais um desafio. Nem
sempre a técnica de amarrá-la no poste ou em árvore é segura e as opções de
bicicletários públicos são escassas. Pensando nisso, alguns bares e
restaurantes da cidade não apenas reservam um espacinho para a bicicleta dos
clientes como passaram a oferecer um serviço extra: o valet para bikes.
É como se você estivesse chegando de carro: para na porta do
bar, desce e entrega a "chave" para o manobrista - no caso, a
bicicleta inteira. Ele sobe na bike e vai estacionar para você, não sem antes
entregar um papelzinho, que deve ser validado ou pago na saída para recebê-la
na hora de ir embora.
É o que acontece na Cervejaria Nacional, bar inaugurado no
ano passado em Pinheiros, na zona oeste da capital, onde o serviço foi lançado
há poucos meses. Lá, enquanto o motorista paga R$ 15 para deixar o carro no
valet, o ciclista paga apenas R$ 5. Por causa do serviço exclusivo, acabou
virando "point" de passeios noturnos de ciclistas.
O único problema é controlar a quantidade de chopes
ingeridos para poder guiar a bicicleta depois. "Tem de controlar a dose.
Duas cervejas, para mim, é o suficiente. A partir daí, fica arriscado",
diz o empresário Ricardo Maskalenka, de 37 anos, frequentador do bar. Antes do
valet, ele tinha uma só alternativa: amarrava a bike no poste.
A lei seca ainda não pega quem anda de bicicleta após beber,
mas, para Maskalenka, nem é necessário. "Bicicleta é outra onda, não tem
motor, o motor é o pé. Andamos em velocidade baixa, somos quase
pedestres", defende o empresário.
No cafezinho. Grande parte da "clientela ciclista"
do Octavio Café, no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, é de gente que está
voltando de parques (o do Ibirapuera ou o do Povo, os mais próximos dali) ou
que usa a Ciclofaixa de Lazer da Avenida Brigadeiro Faria Lima aos domingos.
Lá, o serviço de valet para bike também funciona. "Se
um motorista pode ter a mordomia do valet, por que o ciclista não? Essa moda
deveria pegar em shoppings também", afirma o técnico em Informática Felipe
Vieira, de 28 anos.
No Octavio Café, o valet é gratuito para quem consome algo e
carimba o tíquete do "estacionamento" na hora de pagar a conta.
Em eventos. De tanto se queixar da falta de infraestrutura
quando ia aos lugares da cidade de bike, Eduardo Grigoletto, de 39 anos,
transformou o problema em negócio. Ele é um dos sócios da Ciclomídia, empresa
que oferece serviço de valet para bikes em grandes eventos, como shows e jogos
de futebol. Recentemente, montou a estrutura na Bienal de Arquitetura de São
Paulo e em um encontro na Casa das Rosas, na Avenida Paulista.
Grigoletto e a sua equipe não só estacionam a bike alheia
como guardam todos os acessórios que o ciclista carrega, como capacete, mochila
e luzes de sinalização. "Não precisa ficar carregando na mochila toda a
tralha. Você deixa suas coisas, a gente faz um inventário de tudo e dá um
tíquete com seu número", explica o empresário.
"Nem precisa se preocupar com o cadeado", garante
Grigoletto. Ele conta que o serviço geralmente é gratuito para o usuário final
e é pago pela organização do evento ou patrocinadores da festa.
Fonte Estadão:
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