quinta-feira, 8 de março de 2012

Palestra Chirs Carlsson - Fundação Getulio Vargas São Paulo – 29/02/2012


Palestra Chirs Carlsson - Fundação Getulio Vargas São Paulo – 29/02/2012



Quando pedalávamos pelas ruas as pessoas gritavam, sai da rua, cresce, cresça e apareça, compra um carro. E eu estava Bicicletando há 15 anos. Eu estou fazendo um favor para o motorista, eu não sou um carro. Eu não estou gerando poluição. Eles deviam passar e dizer “obrigado! Você não está de carro. O ar está um pouco mais limpo, tem menos transito”.



Era frustrante não ter um pouco de reconhecimento, de respeito, por uma coisa que na verdade ajuda a todos. A partir desta frustração nós resolvemos, vamos nos encontrar uma vez por mês, no mesmo lugar, encher a rua de bicicletas e não haverá lugar para os carros. Depois cada um de nós irá para a sua casa.  Funcionou bem. As pessoas se divertiam. Foi muito eufórico. Nós não sabíamos o que ia acontecer e a coisa decolou a partir de então.



Vocês já devem saber. Tem muitos de vocês que tem este tipo de experiência. Senão, arruma uma bicicleta e participe da próxima Bicicletada, em São Paulo ou em sua cidade. Porque, ai você vai entender do que eu estou falando. Porque você nunca vai saber do que eu estou falando até que participe. Eu posso falar muita coisa e você dizer “eu compreendo”. Não. Você não compreende, até que participe.



O espaço que isto envolveu foi um espaço social publico em movimento pela cidade. Não foi esperando nada do poder público. Não pedimos nada a ninguém. Era fazer a mudança naquele momento. Quando você faz isso, você sente a mudança hoje, minha vida é melhor, hoje. Porque eu estava andando de bicicleta com meus amigos. Isso é coisa boa e nós precisamos mais disso. Mas também, nestes espaços, conversas aconteciam, discussões, politicagem, filosofia, coisas que não dá para a gente conversar quando estamos na balada, devido a musica alta.



Muitas iniciativas emergiram a partir do Critical Mass. Na Itália, na América do Norte, na Espanha. Talvez aqui também. Algumas são o faça você mesmo, a “bike kitchen”, as oficinas de compartilhamento de habilidade de conserto de bicicletas. Se eu vou para a oficina de bicicleta e digo para você consertar a minha bicicleta. Você diz. Não. Eu posso te ensinar a consertar a sua bicicleta. Somente isto. Se precisar de ajuda, nós ajudamos. Então tá. Você não está comprando um serviço no sentido mercadológico. Você está recebendo um presente, um talento. Além de amigos, você terá a capacidade técnica de consertar o seu próprio veículo.







As pessoas começam a se encontrar. Pessoas de raças diferentes, níveis diferentes, classes sociais diferentes. A pessoa do meu lado pode ter 12 anos. É um menino pequeno. Normalmente eu não tenho muito assunto com este menino, mas temos uma coisa em comum agora e somos iguais. Ele pode me mostrar coisas, e eu a ele também. Talvez eu conheça um bairro que ele não conheça na cidade. Talvez ele tenha curiosidade e nós podemos ir pedalando até lá. Quem sabe nós podemos compartilhar uma refeição juntos. Tudo é possível.

Mas na nossa sociedade, talvez aqui seja assim também, vivemos vidas muito segregadas, separadas por classe, raça, e a gente tem a sensação que não podemos nos relacionar com pessoas que não são como eu. Em todos os nossos blogs e Facebook, a gente só se relaciona com pessoas que são como nós. A gente precisa de espaços púbicos físicos na cidade, onde a gente aprenda a conhecer as pessoas e a confiar nelas. Isso acontece nas hortas comunitárias, Bicicletadas diurnas e noturnas, nas oficinas, em performances de ruas, balé, teatro, etc.

Estamos tentando de novo a possibilidade de uma revolução humana. Que as pessoas não só se juntem como trabalhadores, mas humanos a fundo, não como trabalhadores consumidores, nunca mais isto. Queremos fazer o mundo em que vamos viver. O mundo em que vivemos hoje é uma sobra patética do que ele pode ser. Todo mundo neste planeta poderia viver bem, se este fosse o propósito do sistema. Está é a nossa meta. Nós não estamos nem tentando o direito. Conversando a respeito disso, no entanto há recurso suficiente para todos.

Precisamos mudar muita coisa que a gente fabrica hoje. Tem coisas que fabricamos que é burrice. Deveria parar. A gente poderia fechar bancos, propagandas, produção bélica, seguros. Indústrias inteiras. Esta máquina planetária está destruindo não só a nossa mente, mas também o planeta fisicamente.

Então podemos começar a mudar com estas pequenas coisas. Temos ainda esta chance. Às vezes até inconscientemente.  Com o já dizia um grande pensador: “O sistema imunológico da terra que são os trinta milhões de ambientalistas que continuam a fazer este trabalho de formiguinha”.

Eu quero convidar vocês a pensar no seu próprio trabalho. No quer que seja. Numa parte do que vocês façam hoje, que talvez seja útil. Quanto do que vocês fazem hoje. Até no emprego mais legal. Que parte disso é realmente é útil e que parte é burrice. Se todos nós levantássemos amanhã e nos perguntássemos “o que faremos hoje, aonde iremos”. Vamos começar. Juntos podemos começar a fazer com que ela seja linda.    














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Fotos e texto Vanderlei Torroni