Palestra Chirs Carlsson -
Fundação Getulio Vargas São Paulo – 29/02/2012
Quando pedalávamos pelas
ruas as pessoas gritavam, sai da rua, cresce, cresça e apareça, compra um
carro. E eu estava Bicicletando há 15
anos. Eu estou fazendo um favor para o motorista, eu não sou um carro. Eu não
estou gerando poluição. Eles deviam passar e dizer “obrigado! Você não está de
carro. O ar está um pouco mais limpo, tem menos transito”.
Era frustrante não ter um
pouco de reconhecimento, de respeito, por uma coisa que na verdade ajuda a
todos. A partir desta frustração nós resolvemos, vamos nos encontrar uma vez
por mês, no mesmo lugar, encher a rua de bicicletas e não haverá lugar para os
carros. Depois cada um de nós irá para a sua casa. Funcionou bem. As pessoas se divertiam. Foi
muito eufórico. Nós não sabíamos o que ia acontecer e a coisa decolou a partir
de então.
Vocês já devem saber. Tem
muitos de vocês que tem este tipo de experiência. Senão, arruma uma bicicleta e
participe da próxima Bicicletada, em São Paulo ou em sua cidade. Porque, ai você vai
entender do que eu estou falando. Porque você nunca vai saber do que eu estou
falando até que participe. Eu posso falar muita coisa e você dizer “eu
compreendo”. Não. Você não compreende, até que participe.
O espaço que isto envolveu
foi um espaço social publico em movimento pela cidade. Não foi esperando nada
do poder público. Não pedimos nada a ninguém. Era fazer a mudança naquele
momento. Quando você faz isso, você sente a mudança hoje, minha vida é melhor,
hoje. Porque eu estava andando de bicicleta com meus amigos. Isso é coisa boa e
nós precisamos mais disso. Mas também, nestes espaços, conversas aconteciam,
discussões, politicagem, filosofia, coisas que não dá para a gente conversar
quando estamos na balada, devido a musica alta.
Muitas iniciativas
emergiram a partir do Critical Mass. Na Itália, na América do Norte, na Espanha.
Talvez aqui também. Algumas são o faça você mesmo, a “bike kitchen”, as
oficinas de compartilhamento de habilidade de conserto de bicicletas. Se eu vou
para a oficina de bicicleta e digo para você consertar a minha bicicleta. Você
diz. Não. Eu posso te ensinar a consertar a sua bicicleta. Somente isto. Se
precisar de ajuda, nós ajudamos. Então tá. Você não está comprando um serviço
no sentido mercadológico. Você está recebendo um presente, um talento. Além de
amigos, você terá a capacidade técnica de consertar o seu próprio veículo.
As pessoas começam a se
encontrar. Pessoas de raças diferentes, níveis diferentes, classes sociais
diferentes. A pessoa do meu lado pode ter 12 anos. É um menino pequeno.
Normalmente eu não tenho muito assunto com este menino, mas temos uma coisa em
comum agora e somos iguais. Ele pode me mostrar coisas, e eu a ele também.
Talvez eu conheça um bairro que ele não conheça na cidade. Talvez ele tenha
curiosidade e nós podemos ir pedalando até lá. Quem sabe nós podemos
compartilhar uma refeição juntos. Tudo é possível.
Mas na nossa sociedade,
talvez aqui seja assim também, vivemos vidas muito segregadas, separadas por
classe, raça, e a gente tem a sensação que não podemos nos relacionar com
pessoas que não são como eu. Em todos os nossos blogs e Facebook, a gente só se
relaciona com pessoas que são como nós. A gente precisa de espaços púbicos
físicos na cidade, onde a gente aprenda a conhecer as pessoas e a confiar
nelas. Isso acontece nas hortas comunitárias, Bicicletadas diurnas e noturnas,
nas oficinas, em performances de ruas, balé, teatro, etc.
Estamos tentando de novo a
possibilidade de uma revolução humana. Que as pessoas não só se juntem como
trabalhadores, mas humanos a fundo, não como trabalhadores consumidores, nunca
mais isto. Queremos fazer o mundo em que vamos viver. O mundo em que vivemos hoje é
uma sobra patética do que ele pode ser. Todo mundo neste planeta
poderia viver bem, se este fosse o propósito do sistema. Está é a nossa meta.
Nós não estamos nem tentando o direito. Conversando a respeito disso, no
entanto há recurso suficiente para todos.
Precisamos mudar muita
coisa que a gente fabrica hoje. Tem coisas que fabricamos que é burrice. Deveria
parar. A gente poderia fechar bancos, propagandas, produção bélica, seguros. Indústrias
inteiras. Esta máquina planetária está destruindo não só a nossa mente, mas
também o planeta fisicamente.
Então podemos começar a
mudar com estas pequenas coisas. Temos ainda esta chance. Às vezes até
inconscientemente. Com o já dizia um
grande pensador: “O sistema imunológico da terra que são os trinta milhões de
ambientalistas que continuam a fazer este trabalho de formiguinha”.
Eu quero convidar vocês a
pensar no seu próprio trabalho. No quer que seja. Numa parte do que vocês façam
hoje, que talvez seja útil. Quanto do que vocês fazem hoje. Até no emprego mais
legal. Que parte disso é realmente é útil e que parte é burrice. Se todos nós
levantássemos amanhã e nos perguntássemos “o que faremos hoje, aonde iremos”. Vamos
começar. Juntos podemos começar a fazer com que ela seja linda.
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Fotos e texto Vanderlei
Torroni
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